O que é proptose ocular?
A proptose refere-se à saída do globo ocular da cavidade orbitária, associada a um aprisionamento do olho pelas pálpebras e a um evento inflamatório orbitário grave, que impedem o olho de retornar à sua posição normal. É um evento doloroso que leva à perda potencial da visão e / ou órgão.
Figura 1 – Paciente canino com história de trauma por mordida. O globo ocular se projeta da órbita e um hematoma periorbital grave é observado. As pálpebras prendem o olho e o mantém do lado de fora. Hemorragias também são percebidas ao redor da esclera.
O que causa a proptose?
Eventos traumáticos são a causa mais comum dessa entidade. No entanto, em cães braquicefálicos (cães com focinho curto ou achatado e órbitas rasas), a manipulação leve ou moderada da cabeça, pescoço, pele facial ou pálpebras pode induzir proptose (por exemplo, coleira cervical).
Figura 2 – Paciente braquicefálico com história de trauma automobilístico. O olho está fora da órbita, a pupila está miótica e são observadas hemorragias na esclera devido à ruptura dos músculos extraoculares.
Como é diagnosticada a proptose?
O histórico médico revelará uma situação onde ocorreu um trauma, e o exame visual de um olho saliente que não pode ser reduzido à sua posição normal é confirmatório de proptose. É importante diferenciar com anormalidades como buftalmia (olho aumentado associado a glaucoma, tumor intraocular por exemplo) ou exoftalmia (olho protruso mas ainda dentro da cavidade orbitária – olho abaulado-, relacionado a doenças dos tecidos orbitários, como abscesso retrobulbar, neoplasia, sialocele, miosite de músculos extraoculares, etc.)
Como a proptose é tratada?
É importante ir imediatamente ao atendimento médico veterinário especializado, já que se trata de uma emergência oftalmológica. Durante a transferência, colírios lubrificantes ou pomadas ajudarão a evitar o ressecamento e a ulceração da córnea secundária à falta de piscar.
Figura 3 – Paciente com proptose traumática. Denota desvio lateral grave devido à ruptura do músculo reto medial. A pupila está dilatada e a córnea ainda não apresenta lesão ulcerativa. Pomada de vaselina foi colocada para proteger a superfície da córnea.
O principal tratamento é o manejo cirúrgico sob anestesia, este com o objetivo de relaxar o paciente, aliviar a dor e permitir que o olho seja reintroduzido manualmente na órbita. Se o grau de inflamação dos tecidos perioculares for grave, um corte na porção lateral da pálpebra pode ser necessário para ganhar espaço e facilitar a reintrodução do olho (cantotomia lateral). Quando o olho está na posição correta, uma tarsorrafia temporária é realizada (fechamento temporário das pálpebras, sutura da pálpebra superior com a inferior). Este procedimento permite conter o olho e evitar sua saída novamente.
Com o tempo, haverá fibrose dos tecidos perioculares, o que permitirá sua fixação. Note-se que a tarsorrafia deve permitir uma pequena abertura (geralmente no canto medial) para a instilação de colírios. As pálpebras permanecerão fechadas por pelo menos 2 semanas.
Figura 4 – Tarsorrafia temporal com discreto espaço no canto medial para colocação de medicação tópica.
Também é indicado o tratamento médico tópico, que é à base de lubrificantes, anti-inflamatórios e, em caso de úlcera de córnea, antibióticos. Para o controle da dor, analgésicos podem ser usados, após medição rigorosa da pressão intraocular. Como terapia sistêmica, anti-inflamatórios (esteroides em muitos casos) e antibióticos também são indicados se a causa traumática envolveu perda de continuidade tecidual e sangramento (mordidas, atropelamentos, brigas).
Qual é o prognóstico da proptose?
O prognóstico da proptose dependerá em grande parte do grau de dano ao globo ocular e tecidos orbitários, músculos extraoculares e nervo óptico. Assim como a pressa no atendimento médico. Como regra geral, os cães têm um melhor prognóstico funcional do que os gatos. Alguns indicadores que nos ajudam a estabelecer o prognóstico são os reflexos pupilares, a pressão intraocular, a integridade corneana, a integridade escleral e o número de músculos extraoculares transeccionados ou lesados. As sequelas mais frequentes incluem perda visual, deficiências de lubrificação, desvio do olho por ruptura muscular (estrabismo), diminuição do piscar e, portanto, falha na proteção do olho.
Figura 5 – Olho saliente que não recebeu atenção oportuna. Observa-se secura completa da córnea, conjuntiva e esclera.
Figura 6 – Paciente Pug com história de proptose há três semanas. No momento da retirada dos pontos de tarsorrafia foi observado desvio dorsolateral do globo ocular devido à ruptura muscular.
Se o dano for grave, a dor não for controlável ou os indicadores funcionais não forem encorajadores, a remoção do olho (enucleação) pode ser uma alternativa a ser considerada. A recomendação é consultar o oftalmologista veterinário certificado para o cuidado e acompanhamento dessa condição, infelizmente observada com frequência.
Figura 7 – Paciente com enucleação do olho direito secundária a dano irreversível por proptose.